quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pintura Popular e Arte Ingênua

Quando falo que faço Pintura Popular Brasileira, tomo como base alguns conceitos que povoam meu humilde conhecimento sobre arte. Um desses conceitos seria a forma teórica de conseguir enquadrar a pintura contemporânea a esse mundo dominado pela cultura Pop, desvinculando-a do elitismo que a acompanha desde os primórdios, e assim colocando-a ao alcance de todos. Mas isso pode ser tratado em outro post, pois neste quero tratar mais profundamente de um conceito mais preciso ligado a cultura e a arte ingênua.

Primeiro, como definir cultura ingênua? Seria uma cultura que além de incorporar valores e idéias amplamente difundidos pela mídia de massa, ainda mistura a isso fantasia, superstições e expressões intensas do inconsciente. É o que se chama, geralmente de cultura popular. É uma cultura complexa, principalmente por expressar não só a atualidade do nosso mundo, como também o misticismo que povoa o mundo que é criado por seus artistas e suas experiências vividas. Quando o pintor se enquadra nessa cultura ele é chamado de primitivo, naif ou ingênuo. Eu diria que sua arte é a pintura popular.

Nessa cultura o artista não assume a posição de intelectual, aquele que possui o conhecimento verdadeiro, embora que em relação a ela, o artista ingênuo é um homem culto por ter o domínio completo de sua expressão cultural e atingir uma totalização dessa expressão que a arte erudita ou intelectualizada raramente consegue.

O artista popular, geralmente é autodidata, e utiliza o experimentalismo, a liberdade dos traços e da composição, valorizando as manifestações populares e o artesanato com seus princípios genuínos e tradicionais. Esse artista não é só encontrado nos meios rurais ou periféricos, também habitam as grandes cidades. Apesar da cultura urbana ou metropolitana muitas vezes destruir, modificar ou sufocar as culturas periféricas, existem pessoas que lá habitam mas que não perdem as suas origens culturais, as quais sobrevivem mesmo modificadas ou influenciadas por elementos oriundos dos grandes centros.

A valorização da arte popular é a valorização de um princípio fundamental da arte, muitas vezes esquecido pela sofisticação estética. A arte popular além de presentear o mundo com sua expontaneidade e sua expressão rica de informações e fantasias, prova que não é erudição que produz arte.

Um comentário:

Celina Dutra disse...

André,

Descobri outra faceta do artista, é também excelente mestre! Obrigada pelas informações em texto claro e bem escrito.

Bom fim de tarde,

Bjo

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