domingo, 19 de julho de 2009

Renoir e o meu quadro

Aí na coluna da direita você encontra um espaço pra o quadro da semana. Esse que está agora publicado, chama-se Forró na Palhoça, e essa foto é apenas um detalhe dele, o quadro inteiro mede 140x60cm. Escolhi essa tela para essa semana por causa de um fato interessante que queria esclarecer: a relação entre esse quadro e Renoir. E o que tem o pintor francês Renoir em comum com ele? Bom, é claro que existe uma distância bem grande entre meu quadro e Renoir, mas foi a partir de uma obra do francês que surgiu a inspiração para pintura do meu Forró. Foi folheando meus livros de arte que me perguntei o que pintariam hoje os grandes pintores de cavalete, aqueles que registravam cenas e paisagens in loco, carregando seus cavaletes e pincéis, como se fossem nossas cameras digitais de hoje. Caras como Renoir, por exemplo, e todos os impressionistas, com toda sua intelectualidade pictórica, que cenário procurariam para extrair sensibilidade das cores, se vivessem aqui, hoje, onde eu vivo? Então diante da obra de arte Le Moulin de la Galette, de Renoir, criada em 1876, que me veio uma associação com um cenário tão comum pra mim: os forrós de palhoça, aqueles tão comuns até hoje no interior do nordeste brasileiro. Simplesmente pela cena dançante e a simplicidade simbólica dos personagens (simbólica porque são na verdade representantes da burguesia francesa). Achei que seria nos forrós que o francês iria, com seu cavalete, extrair a beleza iluminada de suas cores. Foi aí que eu pensei em fazer essa associação. Como fazer? Levar meu cavalete até um forró em Caruaru e pintar um quadro impressionista como faria Renoir? Claro que não. Resolvi transformar o mesmo cenário usado por ele, no quadro acima citado, numa palhoça, num forró daqueles arretado. E assim fui jogando meus personagens pela tela da mesma forma que está distribuído na tela do ilustre francês, é claro com alguns ajustes e interferências para meu estilo. Senhoras e senhores em trajes de gala tipicamente franceses de época transformaram-se em vaqueiros, cangaceiros e figuras simples do nossa cultura nordestina. E assim surgiu a cena atual, da cena francesa. Quem conhecer os dois quadros vai entender o que falo.
É claro que nunca escondi essa informação de ninguém, até porque valorizei muito essa inspiração. E resolvi postar aqui sobre isso porque recebi essa semana um comentário/elogio no meu orkut, sobre a foto do meu quadro, em que o artista plástico, também pernambucano, Fernando Alves (obrigado mais uma vez Fernando), cita a minha releitura de Renoir. Como no orkut só publiquei a foto com o título e dimensão sem citar a releitura, me senti na obrigação de expor essa inspiração renoarista, para não parecer que escondo equivocadamente um fato que só valoriza a minha tela. É que no orkut também não há espaço pra tais citações. Fico aliviado agora deixando aqui registrado com orgulho minha parceria, pretenciosa e produtiva, com Renoir. E feliz de ela poder ser reconhecida mesmo sem ser explicada, como aconteceu com o Fernando, que com certeza deve saber muito de pintura.

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