sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cultura Pop

Quando se fala em cultura Pop normalmente as pessoas tendem a associar o termo aos anos 60, a pop-art de Andy Warhol. Associação mais que correta se não viesse acompanhada de uma outra: a de que trata-se de uma cultura retrô. Na verdade os anos da pop art de Andy serviram para escrever os primeiros parágrafos definitivos do que seria a nossa cultura contemporânea. Vale lembrar que uma cultura pode levar anos, décadas e até séculos para firmar-se definitiva e inegavelmente verdadeira. E é isso que vem acontecendo a pouco mais de meio século. Então a cultura Pop não é retrô, e sim contemporânea. É a única e definitiva cultura contemporânea.
O que tem é muita confusão e equívoco num mundo onde a crítica social e a artística não tem mais tanto valor assim. A importância do efêmero e do descartável na valorização do instantâneo, cria estilos e modas, que se repetem e se apresentam a cada momento sob nova alcunha na tentativa de ser novidade. Isso que também é uma consequência do mundo pop, desvia a atenção do mundo alienado para que seja possível o consumo desenfreado dos nossos tempos. É comum ver artistas, fazendo a mesma coisa que outros fazem há anos, intitular seu estilo de trabalho com termos cada vez mais mirabolantes, na incansável tentativa de ser novidade. Essa obsseção pela novidade parece durar mais de um século, desde quando a imprensa e a crítica artística deram as costas para os pintores impressionistas, deram as costas para o novo e quebraram a cara. A partir daí ninguém quis mais correr o risco, e novidade é sempre bem vinda, vende-se mesmo sem entendê-la. A crítica traumatizada não quer mais criticar. E isso também vem formar a cultura pop. O mundo das celebridades instântaneas também é cultura pop, e foi Andy Warrol nos anos 60 que formulou a brilhante frase desse mundo: no futuro todas as pessoas serão famosas por quinze minutos. Hoje vemos essa busca incansável pela fama, nem que seja por quinze minutos, na mídia, na net, nas escolas, no bairro. É a busca pela popularidade, condição inerente da cultura pop. Essa semana pude ver um ator, com evidente incapacidade artística, participante de um realyt show na tv, confessar em desabafo que já tinha feito o possível e o impossível pela fama, e que carregava o sofrimento de nunca ter sido capa de revista. O coitado ainda mandou essa: sou um injustiçado.
Essa é a cultura vingente no nosso tempo, a mesma que movia gênios como Salvador Dali nos anos 50, visionário e desbravador do pop. A mesma cultura que Andy começou a explicar, e que os Beatles puseram em prática anunciando os novos tempos. A mesma cultura que levou Michael Jackson dar a vida em troca dos mais recentes (não os últimos) parágrafos escritos que definem e confirmam o comportamento e as estratégias do mundo pop. Essa é a cultura que está sendo escrita, alimentada e confirmada nos nossos dias. E que já é inerente nas novas gerações. A cultura Pop.

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